Viver sem preocupações financeiras é o desejo da maioria das pessoas. No entanto, não é fácil alcançar este objetivo.
Para perceber qual é a estratégia que deve seguir para atingir esta
meta é importante distinguir primeiro o conceito de “capacidade
financeira” da ideia de “independência financeira”, que são muitas vezes
confundidos. Por capacidade financeira entende-se uma pessoa que tenha
possibilidades económicas, pela via do salário e outros rendimentos que
possa ter, para ter uma vida financeiramente estável.
No entanto, ser financeiramente independente é outra coisa. Uma
pessoa financeiramente independente não necessita do ordenado para
sobreviver, uma vez que tem outros rendimentos (capitais, prediais, ou
de negócios) que permitem que ganhe dinheiro suficiente para pagar as
despesas que tem mensalmente. Segundo a definição de Pedro Queiroga
Carrilho, no livro “O seu primeiro milhão”, “a independência financeira
permite-nos dizer “Eu nunca mais tenho de trabalhar pelo dinheiro!”
Através desta independência, podemos libertar-nos do dinheiro para
podermos viver a nossa vida”. Por outras palavras, não significa
necessariamente que seja rico, mas sim que não tem de se preocupar em
trabalhar para viver.
Conheça então oito passos para conseguir a independência financeira.
1. Comece o mais cedo possível
O caminho para alcançar a independência financeira passa por tomar
decisões inteligentes de gestão do dinheiro ao longo de toda a vida. O
ideal é que estabeleça uma estratégia assim que começa a trabalhar, por
forma a começar a poupar numa fase em que ainda não tem muitas despesas.
Do ordenado que recebe deverá reservar sempre uma parte para as
poupanças.
2. Estabeleça um plano financeiro
Alcançar a independência financeira não se consegue de um dia para o
outro. É um caminho longo, mas é importante que não se desvie. Por isso
mesmo, estabeleça um plano financeiro e cumpra-o. Deverá pensar em
alguns aspetos e fazer as respetivas contas. Por exemplo: Com que idade é
que gostaria de deixar de trabalhar? E quanto dinheiro necessita de
juntar para o conseguir? Definidos os objetivos, estabeleça uma
estratégia que defina quanto dinheiro é que terá de juntar por ano para
que, quando chegar à idade estabelecida, consiga viver dos rendimentos
que amealhou.
3. Faça um orçamento familiar
O orçamento familiar é uma peça fundamental para não se desviar do
plano financeiro que estabeleceu. Nesse documento, deverá anotar todas
as despesas e rendimentos que tem e depois analisá-lo atentamente. Se as
despesas forem superiores aos rendimentos mensais será muito difícil
chegar à meta final. Neste caso, será adequado fazer uns ajustes, ou
seja, cortar despesas e aumentar rendimentos.
4. Procure alternativas de rendimentos
Para alcançar o objetivo de ser financeiramente independente terá de
encontrar formas de ganhar mais dinheiro, para conseguir aumentar o bolo
da poupança. Isto pode ser possível de várias formas: pela via de um
aumento salarial no trabalho, pela aposta na abertura de um negócio
próprio ou no investimento em produtos financeiros com rentabilidades
interessantes.
5. Invista o dinheiro
Toda a quantia que conseguir poupar mensalmente deverá ser investida
por forma conseguir fazer o seu património crescer. Uma parte desse
dinheiro deve ser aplicado num fundo de emergência, que servirá para
usar em caso de imprevisto, como um despedimento ou um acidente que o
impeça temporariamente de ter rendimentos. Este dinheiro deve estar
aplicado num produto seguro e facilmente mobilizável, como um depósito a
prazo. Mas o restante deve ser alocado em ativos que tragam maior
rendibilidade como, por exemplo, obrigações, fundos de investimento ou
ações. É importante ressalvar que as escolhas de investimento devem ser
bem ponderadas, informadas e adequadas ao perfil de cada investidor. Se
não tem conhecimentos financeiros suficientes para investir sozinho
procure ajuda junto de especialistas.
6. Aposte nos juros compostos
Todo o dinheiro que ganha através dos seus investimentos deverá ser
reaplicado. Uma forma fácil de o fazer é através de produtos que
reaplicam automaticamente os juros que pagam, ou seja, os juros
compostos. Num depósito a prazo com juros compostos, “o juro devido em
cada período é adicionado ao capital inicial, constituindo novo
capital”, como pode ler-se no portal Todos Contam. A incorporação do
juro simples no capital irá gerar novo capital, maior que o inicial, que
também vai ser remunerado. Ou seja, no final do prazo, o rendimento
será maior do que se se tratar de um depósito a prazo com juro simples.
Segundo o exemplo do portal, um investidor que coloque 5.000 euros num
depósito a prazo a cinco anos, que pague juros trimestralmente, com uma
Taxa Anual Nominal Bruta (TANB) de 4%, terá um rendimento bruto, no
final do prazo, de 1000 euros. Já se o depósito a prazo tiver juros
compostos e investir trimestralmente os juros, no final desse período
ganha 1.101 euros, ou seja, mais 101 euros do que num depósito a prazo
com juro simples.
7. Tenha uma vida frugal
Ter um estilo de vida frugal é muito importante para atingir o
objetivo final. Será difícil aumentar o património se gastar todo o
dinheiro que recebe a comprar demasiados bens que não necessita para
viver bem. Isto não significa que seja necessário ter uma vida
aborrecida e que abdique de consumir, mas antes que todas as decisões de
compra sejam bem ponderadas. Lembre-se que preservar o património é tão
importante quando ganhá-lo.
8. Atente à taxa de esforço
O credito é a única ferramenta que algumas pessoas têm para aceder a
determinados bens, no entanto, esta deve ser bem gerida. Para isso, deve
olhar para o orçamento familiar e saber qual é o peso das dívidas nas
finanças da família. Para ter uma ideia, de acordo com o Gabinete de
Apoio ao sobreendividado, “uma taxa de esforço superior a 35%
apresenta-se como elevada, uma vez que não permite precaver uma situação
imprevista de diminuição de rendimentos”. Assim sendo, se a taxa de
esforço for superior a esta deverá reorganizar o orçamento familiar:
reduzir despesas ou aumentar rendimentos, para que seja possível
alcançar o objetivo de ser financeiramente independente.
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