Os
números mostram que há cada vez mais jovens a optar por passar um ano
escolar (ou parte dele) numa universidade estrangeira. Segundo os dados
divulgados na semana passada pela Comissão Europeia, no ano letivo de
2011/2012 cerca de 6.484 estudantes portugueses aderiram a este
programa. Trata-se de um aumento de 8,7% face aos valores registados no
período homólogo.
Este programa comunitário existe desde 1987 e permite aos estudantes
universitários terem oportunidade de passar temporadas numa universidade
de um dos 33 países que fazem parte desta rede. Os números agora
divulgados comprovam assim o crescente interesse dos estudantes
universitários por esta experiência para alargarem os seus horizontes.
Mas além de ser uma experiência enriquecedora do ponto de vista
pessoal, o programa Erasmus pode ser também um trunfo a lançar pelos
jovens para conseguirem ingressar no mercado de trabalho. Os números do
Instituto Nacional de Estatística do primeiro trimestre indicavam que
havia mais de 93 mil pessoas desempregadas à procura do primeiro
emprego. Muitos deles são recém-licenciados. E num momento em que se
prevê que a taxa de desemprego continue a subir ao longo deste e do
próximo ano, os jovens universitários devem munir-se de todos os trunfos
e estratégias para conseguirem fintar o “fantasma” do desemprego. E
nesse campo, o Erasmus pode ser um trunfo adicional a apresentar no
momento de uma candidatura a um emprego. Ana Loya, administradora da
consultora de recursos humanos,
Ray Human Capital,
confirma-o. “De facto ter uma experiência de Erasmus no currículo
poderá ser um trunfo para uma candidatura de emprego, uma vez que poderá
ser revelador de um conjunto de características pessoais relacionadas
com a autonomia e capacidade de adaptação e skills linguísticos que
podem ser diferenciadores no momento da seleção”, refere.
No entanto, tal não significa que o simples facto de ter feito o
programa de Erasmus seja automaticamente considerado com uma mais-valia
clara aos olhos de uma entidade empregadora. Para que tal aconteça é
preciso ter em conta alguns cuidados na escolha do programa Erasmus.
Aqui ficam algumas dicas:
1. Duração do programa:
O programa Erasmus permite a mobilidade de estudantes universitários
para uma universidade de outro país por um período que varia entre os
três e os 12 meses. Quanto mais longo for o programa, maiores são as
oportunidades do estudante de aprender e de adquirir experiências
diferentes. ”Todos estaremos de acordo que fazer um programa de três
meses é diferente de seis meses ou até de um ano, porque os desafios com
que o próprio é confrontado são totalmente diferentes”, reforça Ana
Loya da Ray Human Capital.
2. Selecione bem a universidade:
A escolha da universidade para fazer o programa Erasmus pode ser um
fator determinante aos olhos de um empregador que está a analisar o
currículo de um candidato. Em cada área de estudo existem universidades
que são mais valorizadas do que outras, pela reputação que têm e/ou pelo
facto de estarem mais bem preparadas para receber alunos estrangeiros.
Tente apurar estas informações junto do gabinete de Erasmus ou de
relações internacionais da sua universidade. Sobre este aspeto a
responsável da Ray Human Capital, deixa ainda um conselho: “O aluno bem
informado e que tem os seus objetivos académicos bem definidos, saberá
que estas universidades têm uma maior procura do que oferta para alunos
inseridos em programas de intercâmbio. Por isso mesmo, as notas de
acesso a estas vagas são superiores e o aluno que tem o seu plano bem
definido sabe que tem de trabalhar com afinco para conseguir uma dessas
vagas” .
3. Tenha em atenção o fator linguístico:
Além da reputação do estabelecimento de ensino onde quer fazer o
programa Erasmus é importante ter também em conta os aspetos práticos do
programa, como as condições que o estabelecimento oferece para os
estudantes estrangeiros. Por exemplo: imagine que vai fazer o programa
Erasmus num país um pouco mais exótico, numa universidade cujas as aulas
são dadas apenas no idioma local. Se assim for, a probabilidade de não
adquirir conhecimentos durante o programa é elevada. “É importante o
aluno perceber se a universidade onde irá efetuar o seu Erasmus está
efetivamente preparada para receber alunos estrangeiros. Existem aulas
que eu consiga perceber? Tenho a garantia que do ponto de vista
académico, o nível de exigência é equivalente ao dos alunos nativos?
Qual o sentido de estar três meses a ter aulas num idioma perfeitamente
incompreensível?”. Estas são algumas questões que, segundo Ana Loya, os
estudantes deverão colocar no momento em que fazem as suas escolhas
Está interessado em fazer o programa Erasmus? Conheça estes dados….
Estudo e estágios:
O programa Erasmus permite a mobilidade dos estudantes do ensino
superior para a realização de um período de estudos numa outra
universidade num dos países que fazem parte da rede. O programa também
permite a realização de um estágio profissional numa empresa ou numa
organização estrangeira.
Segundo as informações que constam na página da
Agência Nacional para a Gestão do Programa Aprendizagem ao Longo da Vida-
a entidade que gere o programa Erasmus em Portugal- podem candidatar-se
ao programa os estudantes que estejam matriculados numa instituição de
ensino superior titular da Carta Universitária de Erasmus, sendo que no
caso da mobilidade para estudos, o estudante deverá estar a frequentar o
segundo ano de estudos do ensino superior.
Candidaturas:
As candidaturas são feitas através dos gabinetes de Erasmus e de
relações internacionais das universidades. Os prazos de candidatura de
variam consoante a instituição, mas normalmente as candidaturas para o
programa Erasmus ocorrem entre janeiro e abril. Algumas universidades
lançam mais tarde uma segunda fase de candidaturas para quem esteja
interessado em fazer o programa Erasmus apenas durante o 2º semestre do
ano letivo seguinte.
Apoios:
Os estudantes que são selecionados para fazer o programa Erasmus
podem candidatar-se a uma bolsa de mobilidade que visa a cobrir parte
dos gastos que os estudantes têm pelo facto de se mudarem para um país
estrangeiro. Além disso, os estudantes com carências económicas
comprovadas poderão candidatar-se a uma bolsa suplementar Erasmus.
in saldopositivo.cgd.pt