As leiloeiras tornaram-se um dos aliados dos bancos na venda de imóveis, reflexo das dificuldades da banca em escoar imóveis
em carteira, numa altura em que o incumprimento de famílias e empresas bate recordes.
A
leiloeira Uon é uma das que
trabalha com as instituições
bancárias em Portugal. Em 2011, a Uon realizou mais de 30 leilões (quer
presenciais, quer online),
tendo levado à praça cerca de
2.700 imóveis, com um valor global de cerca de 108 milhões de euros.
«Foram
vendidas
aproximadamente 1.050 casas
tendo o valor de vendas em leilão da Uon sido de cerca de 57 milhões de
euros», disse à Lusa a
diretora comercial, Ana Ferro.
Os
imóveis da banca têm a vantagem, face aos restantes do mercado, de
estarem bem
localizados (Grande Lisboa,
Grande Porto, Litoral e Algarve), a «relação preço qualidade» e, ainda,
dispõem de melhores condições por parte das instituições de crédito, destaca Ana Ferro.
Quanto
ao preço dos imóveis que vão a
leilão, «a licitação mínima é calculada em função do valor do crédito
concedido ou do valor
da avaliação. Geralmente é
escolhido o mais alto».
O reverso da medalha
Além das leiloeiras, há cada vez mais imobiliárias
a vender as casas dos bancos. Uma realidade que prejudica os promotores
imobiliários que «não
conseguem competir» com as campanhas agressivas da banca, como acusa a
associação do setor, APEMIP.
O
facto de a «banca vender com
condições com que os promotores não conseguem competir», com
«desvalorizações forçadas dos imóveis,
que podem atingir os 30%»,
cria uma «instabilidade nos preços», critica o presidente da Associação
dos Profissionais e Empresas
de Mediação Imobiliária de
Portugal.
«Não há motivos para esta desvalorização forçada»,
sustentou Luís Lima
que, já no final de novembro
tinha dito que a banca está a recorrer a mediadores mais do que nunca.
Luís
Lima rejeitou,
contudo, que os bancos estejam
a desviar clientes das mediadoras, considerando que a relação entre as
duas entidades é favorável
aos mediadores.
«O que era bom, como questão de futuro, era nós vendermos os imóveis antes de estarem na posse dos
bancos».
Mas afinal, como é que os bancos retomam os imóveis?
Através
de duas vias: judicial ou extrajudicial.
Neste último caso, o
proprietário que não conseguiu cumprir o pagamento das prestações
devolve o imóvel ao banco, podendo
dar-se a liquidação integral
ou parcial da dívida, consoante a avaliação que o banco faça do imóvel
nesta fase.
Por
exemplo, se o banco avaliar em
70 mil euros e o empréstimo tiver sido de 100 mil, o proprietário fica
devedor do restante.
Já
na via judicial, existem três
tipos de processos em que se dá a adjudicação dos imóveis pelos bancos:
de execução fiscal,
execução do imóvel pelo banco
pela mora do pagamento das prestações do crédito à habitação e
insolvência do proprietário do
imóvel.
No primeiro caso, o banco reclama o seu crédito e, por ser credor privilegiado (tem a hipoteca do imóvel),
pode pedir a adjudicação deste.
No segundo cado, há penhora e é promovida a venda do imóvel. O banco faz então uma
proposta para lhe ser adjudicado o bem, o que acontecer por ter a hipoteca.
Já
se um credor ou o próprio proprietário
pedir a insolvência, o banco
faz a reclamação do seu crédito e também aqui pode haver liquidação dos
bens do insolvente. Neste
caso, o banco, se tiver
interesse nisso, faz uma proposta de compra e é-lhe adjudicado o bem,
mais uma vez tendo em conta
a garantia dada pela hipoteca.
Só no ano passado, quase 7 mil
imóveis foram devolvidos à banca.
in agenciafinanceira.iol.pt
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