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29 de janeiro de 2013

Poupar com as Famílias Numerosas


Viver com frugalidade não é uma novidade para Vera Monteiro, Mariana Arrobas ou Sara Rodrigues, todas matriarcas de famílias numerosas. Desde que viram a família aumentar uma e outra e outra vez, que o orçamento familiar passou a ser gerido com bastante mais criatividade e jogo de cintura. A crise económica apenas as fez apertar ainda mais o cinto. Conheça os truques destas mães para poupar em tempos de crise.
Apesar da dificuldade que é sustentar uma família grande, em que diariamente se sentam entre seis a sete pessoas à mesa, a alegria é contagiante e, por vezes, a poupança surge de forma natural. “Com uma família numerosa os meus filhos brincam muito uns com os outros. Fazem peças de teatro, tocam música, é uma festa constante sem gastar dinheiro”, contou-nos Sara Rodrigues, mãe de quatro filhos entre os nove e os três anos e escritora na editora “O Livro da Minha Vida”.
O ano ainda agora começou, mas as medidas de austeridade que têm pairado sobre a cabeça das famílias portuguesas não dão tréguas. “Presentemente aumentaram-nos o escalão de IRS, retiraram-nos o abono de família e tivemos de devolver o equivalente a três meses desta prestação. Só recebíamos 150 euros por mês, mas faziam falta”, disse Vera Monteiro, educadora de infância desempregada, mãe de cinco filhos.
Mariana Arrobas, veterinária em regime ‘freelancer’, com cinco filhos, também está na mesma situação. “Estamos muito apreensivos, há muitas incógnitas neste orçamento de Estado e muitas coisas que não dependem de nós. Mas é preciso ter esperança e aguardar por tempos melhores”, afirma.

Gerir uma família numerosa com menos rendimento

Para além das suas profissões, estas mães têm ainda outra função essencial dentro de casa: gerir uma família numerosa. Depois de pagas as contas fixas do mês, é nas saídas para as compras de supermercado que mais sentem a austeridade. “A alimentação é o maior gasto. Só em carne gasto cerca de 300 euros por mês, em peixe também, fora leite, arroz, iogurtes, massas, fraldas, leite para o bebé…”, afirma Vera Monteiro.Para esta mãe de cinco filhos e desempregada, emigrar é uma hipótese em cima da mesa. “Penso muitas vezes nisso, mas é muito difícil porque temos cinco filhos e eles têm a sua vida aqui, escola e os amigos… mas incuto-lhes esse pensamento, que devem aprender outras línguas para terem hipótese de emigrar com sucesso”, prossegue a educadora de infância. Para obter rendimentos extra, por vezes toma conta de crianças.
Vera Monteiro e a família
Já Mariana Arrobas também lamenta a redução nos seus rendimentos. “Em Dezembro comecei a sentir as pessoas a cortarem no veterinário. Muitas vezes pedem procedimentos a pagar em duas ou três vezes e alguns nem cumprem os pagamentos”. Para conseguir rendimentos extra, a veterinária costuma fazer uns trabalhos de tradução, que “caem sempre na altura certa, quando temos despesas maiores”, brinca.
Sara Rodrigues, escritora freelancer, diz já estar habituada a trabalhar assim, “Este é um mercado muito volátil, embora não tenha falta de trabalho, por vezes há falta de pagamento”.
Com os rendimentos a encolherem e as famílias a aumentarem, é necessário uma logística cada vez maior. “Temos de ter uma organização muito maior. Por exemplo, nós começamos a pensar no Natal em Setembro, que é quando começo a fazer umas compras para eles. Embora não ofereçamos muitos presentes, eles têm sempre uma gracinha. A seguir ao Natal começamos a pensar nas férias grandes, para conseguirmos bons preços”, explica a escritora.
Além do desafio de ter de ir às compras sempre à procura do desconto e da marca branca, há alturas do ano em que têm de fazer contas à vida para encarar as despesas extra. “Nem sempre é fácil, às vezes há noites mal dormidas a pensar como é que vamos chegar ao fim do mês, principalmente naqueles meses em que há despesas maiores, como os seguros”, diz Mariana Arrobas.
Para Vera Monteiro, esta altura acontece todos os meses: “A meio do mês já estamos com a corda ao pescoço, a pensar o que é que vamos meter na lancheira para os miúdos levarem para a escola, mas com criatividade consegue-se sempre”

Dicas de poupança destas super-mães

Muitas das dicas de poupança são transversais a estas três famílias numerosas, principalmente a criatividade necessária para gerir o dinheiro mensal, que nem deixa espaço para a poupança. “Temos aprendido a cortar as gorduras do orçamento familiar e procuramos poupar eletricidade, água e gás”, diz Mariana Arrobas, recorrendo a uma expressão que ficou conhecida quando a equipa de Passos Coelho chegou ao Governo.
Viver dentro das suas possibilidades é o lema desta família. “Não compramos nada a prestações, exceto se for um automóvel. Quando queremos comprar algo e não temos dinheiro para pagar a pronto, então esquecemos ou amealhamos durante uns meses até que seja possível comprar”, conta a veterinária.
Os quatro filhos de Sara Rodrigues
Para além deste cuidado na gestão do dinheiro, há outros a ter no dia-a-dia. “Os miúdos estão na escola publica e não estão no ATL”, diz Mariana Arrobas.
Na hora de ir às compras, estas três famílias preenchem grande parte do carrinho com marcas brancas e são incansáveis na procura de promoções mas “não compro coisas unicamente porque estão em promoção, só quando compensa realmente”, prossegue Mariana Arrobas. Já Vera Monteiro apenas compra “comida a granel, em vez de enlatados e deixou de haver gastos supérfluos, como bolicaos ou doces e passaram a comer pão com manteiga, que até é mais saudável”. Além disso “nunca levo os miúdos ao supermercado”.
Todas as refeições têm de ser muito pensadas e ir jantar fora é muito raro. “As nossas refeições além de terem de ser fáceis de cozinhar, precisam ser económicas, à base de massas e arroz”, diz Mariana Arrobas. Neste campo, Sara Rodrigues aproveitou os ensinamentos do tempo de escuteira: “Aprendi muito a poupar neste campo, a fazer grandes travessas de comida e aproveitar os restos”.
Idas ao cinema de forma regular também são para esquecer: “Vemos os filmes depois em casa, na televisão, fazemos pipocas e adotamos programas mais caseiros”, explica Mariana Arrobas. Já Sara Rodrigues afirma que o seu gosto pelo teatro faz com que tente levar a família uma vez por mês a ver uma peça, “mas claro que olho sempre para o preço e estou sempre atenta a promoções”, prossegue a escritora.
Nas telecomunicações também se pode poupar. “Ainda nenhum dos meus filhos tem um telemóvel, mas a mais velha já anda a pedir porque os amigos todos já têm. Só lhe vamos oferecer quando acharmos que é pertinente ter um. Ela tem um email quando quer trocar mensagens com os amigos, queo faça através da internet”, conforme explica Mariana Arrobas.
Para conseguir maiores poupanças, estas famílias procuram sempre herdar roupa de filhos de familiares ou amigos que já não necessitem. A única exceção são os sapatos. “Nunca compro roupa. A roupa passa de uma para a outra e o meu filho veste a roupa do primo. Quando precisam de alguma coisa, vou à Primark”, exemplifica Vera Monteiro.

A importância de falar sobre dinheiro

Numa família numerosa, em que cada compra implica fazer contas, devera existir uma grande abertura na hora de falar sobre dinheiro. Na família de Mariana Arrobas está instituído que “não há tabus sobre dinheiro e que as coisas custam dinheiro. Se eles pedirem e receberem logo, não lhes ensina nada sobre o valor das coisas”. Alem disso, “têm a sua conta bancária e recebem o extrato todos os meses”.
A mesma técnica e utilizada por Sara Rodrigues, “eles tem um porquinho mealheiro para quando recebem dinheiro e que depois vão por na conta bancária. Gostam de ver o extrato e no supermercado não tem hábito de pedir, não são pedinchões”, afirma.
Mesmo tendo de abdicar de pequenos luxos, como idas ao cabeleireiro ou viagens de férias, estas três famílias são a prova de que, mesmo em crise, não deve descartar o sonho de ter uma família numerosa.


in saldopositivo.cgd.pt

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