Devolver casa ao banco e ser inquilino com renda mais baixa
Esta é apenas uma das várias propostas da sociedade civil, incluídas numa carta aberta divulgada na Internet
Em tempos de crise, há cada vez mais famílias que perdem a capacidade de pagar
as prestações ao banco para comprar uma
casa. Perante este cenário, uma das
sugestões de 57 pessoas e 10 associações que subscreveram a Carta Aberta
pelo Direito
à Habitação é permitir a liquidação do
empréstimo com a entrega da casa ao banco, mantendo os habitantes como
inquilinos,
com uma renda «mais adequada».
«No
caso das famílias que não conseguem pagar os seus créditos à habitação,
devido
a situações de desemprego ou pela
redução substancial do rendimento disponível, a entrega da casa deve
significar o fim de
quaisquer compromissos com a banca,
sendo de incentivar que essas famílias se tornem inquilinas no mesmo
alojamento, com uma
renda adequada ao seu rendimento» - é uma das nove medidas propostas por ativistas, feministas, designers, arquitetos,
músicos, economistas, entre outros que assinam esta carta.
O tema está sob debate político, com o Governo a propor
alterações às regras da habitação.
Na mesma carta leem-se outras propostas: «Não
permitir, em nenhuma circunstância,
processos de despejo em que não estejam
devidamente asseguradas alternativas dignas ou meios de subsistência
suficientes»,
assim como dotar o IHRU, autarquias e o
Estado de mecanismos eficazes ao desenvolvimento de apoios e combate à
especulação
e corrupção urbanística.
O documento,
subscrito por associações de defesa dos
direitos humanos, do imigrantes, mulheres e defesa do património, apela
ainda à suspensão
da «demolição das habitações dos
moradores não abrangidos pelo PER» - Processo Especial de Revitalização.
A obrigação
de «colocar, no mercado, os fogos devolutos, penalizando de forma eficaz o abandono dos alojamentos com fins especulativos»
e a criação de «um plano de
reabilitação do parque habitacional que dê prioridade a este processo,
em detrimento da construção
de habitações novas, tendo em vista
recolocar os fogos no mercado a preço acessível» são outras sugestões.
A lista
não termina antes de cidadãos e associações exigirem, ainda,a revisão da «nova lei do arrendamento urbano, de modo a salvaguardar
o direito dos inquilinos à habitação» e a «criação de uma Lei de Bases da Habitação, capaz de regulamentar e materializar
os princípios subjacentes ao direito constitucional à habitação».
O
objetivo é garantir o «cumprimento da Constituição
da República Portuguesa» e a
«salvaguarda dos mais elementares direitos humanos», lê-se num documento
que acusa que a «habitação
foi sobretudo encarada como uma
mercadoria e um investimento», abrindo portas à especulação imobiliária,
ao endividamento
das famílias ¿ empurradas para as
«periferias suburbanas» - e à deterioração das condições de vida.
As
associações
que já assinaram a carta: Precários
Inflexíveis, Associação Defesa Direitos dos Imigrantes, HABITA -
Colectivo pelo direito
à habitação e à cidade; Marcha Mundial
das Mulheres - Portugal; Médicos do Mundo; Obra Católica Portuguesa de
Migrações; Olho
Vivo - Associação de Defesa do
Património, Ambiente e Direitos Humanos; Plataforma Gueto; SOS Racismo;
UMAR - União de Mulheres
Alternativa e Resposta.
In: www.agenciafinanceira.iol.pt
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