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14 de novembro de 2011

A troika e o crédito à habitação

Os bancos têm vários largos milhões em casas para venda. Isto deve-se ao facto de os principais bancos a operar em Portugal  se verem confrontados com uma  grave crise de falta de liquidez e com um grande incumprimento das famílias no crédito à habitação. Daí, muitas delas “entregarem as casas ao banco” para conseguirem saldar as suas dívidas.

            Como resolve a instituição de crédito este grave “busílis”? Sinal dos tempos, do desemprego e da precariedade laboral, os clientes optam por esta solução, por não terem outra forma de resolver a grave situação de crise que, sendo aparentemente pessoal, está muito generalizada e, por tal motivo, está a adquirir contornos globais.  O banco, por seu lado, tenta vender os imóveis em hasta pública, recorrendo ao leilão, oferecendo financiamento a 100% e spreads mais baixos.
            A prestação média  paga pelos créditos à habitação situou-se em cerca de 275 euros, nos três primeiros trimestres do ano de 2011, sendo que esse valor, atualmente,  neste último trimestre nos últimos contratos celebrados, subiu cerca de 110 euros, isto é, o valor médio das prestações é agora de cerca de 384 euros.


            Devido à crise que afeta o nosso país (e muitos outros países europeus), as contas bancárias, no quarto trimestre de 2011 vão incluir, obrigatoriamente, os novos rácios de crédito malparado, respeitando as regras impostas pela “troika”.
            De facto, comprar casa própria, esse grande sonho perseguido pelos portugueses, está cada vez mais caro. Os juros estão continuamente a subir. Os preços das casas estão a descer. Contudo, este é um presente envenenado, uma vez que quem quiser aproveitar esta oportunidade e não pagar “a pronto”, se arrisca a pagar prestações cada vez mais altas.
            É que os empréstimos recentes são, há um ano, cada vez mais caros, por causa da vertiginosa e imprevisível subida dos juros cobrados. Caso o Banco Central Europeu (BCE) decida cortar as taxas de juro de referência, apenas os contratos mais antigos sairão beneficiados.
            Atendendo à grave crise económica e financeira que assola muitos países do euro, o BCE terá de baixar as taxas de juro de referência, contribuindo para um  maior desafogo dos agregados familiares. Os juros de referência situam-se nos 1,5%,  não sendo de excluir essa hipótese que está a ser considerada pelo  Banco Central Europeu.
Comprar casa é cada vez mais difícil para os portugueses, sobretudo para aqueles que têm que pedir dinheiro emprestado aos bancos. As comissões e os spreads estão demasiado elevadas para o nível de vida do cidadão comum. O memorando de entendimento assinado entre o Governo e a “troika” prevê um maior incentivo ao arrendamento, ao invés da almejada aquisição de habitação própria.


            Por outro lado, o sector imobiliário está, obviamente, também, em crise, tendo como resultado dessa dificuldade, a perda de milhares de postos de trabalho na área. Uma das soluções apontadas e possível caminho a seguir para os portugueses é o arrendamento. A procura de casas para arrendar confirma essa tendência, tendo crescido bastante em Lisboa, onde, mesmo assim, a oferta é insuficiente.
De acordo com dados da Associação dos Profissionais e Empresas imobiliárias de Portugal (APEMIP), nos últimos seis meses a procura de imóveis para arrendar cresceu bastante, chegando aos 24,5% na capital, quando em 2010 esta procura se cifrava aí nos 13,4%. Esta situação também se registou na cidade invicta, o Porto, com 10,7 de procura versus os 5,7% registados em 2010.


Concluindo, comprar casa é um projeto para a vida, porém há que atender à conjuntura atual, nada propícia aos planos a longo prazo. Se, por um lado, adquirir casa própria era um sonho quase inatingível, no passado recente, agora há que ter, também em linha de conta as novas regras de contabilização impostas pela “troika” e decidir em função da resolução do fator crise.

in creditosefinancas.com

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